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BANHO DE CHUVA

Cada partícula de água vinda do céu acertava-me o corpo e eu as sentia como nunca havia sentido antes. Desde quando foram tão tristes?

Pingos incessantes escorriam, traçando caminhos tortuosos por minha pele sensível, deixando-me cada vez mais molhado. Meu corpo reagia, arrepiado, àquelas gotas intermináveis; não tenho muita certeza se era por causa do frio ou da sensação de melancolia que aquele fenômeno transmitia.

A tempestade me dominava e eu estava completamente entregue a ela. Sem correr ou me abrigar, eu me permitia ficar cada vez mais encharcado com aquelas lágrimas celestes.

Sob o céu acinzentado, banho de chuva.

FONTE: PALAVRAS VAZIAS COMO BALÕES QUE ESTOURAM E NADA TÊM (E-BOOK)